quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Apostas

Quando estive no cassino pela primeira vez, em Buenos Aires, nem fiquei muito empolgada com a jogatina. No fundo, eu não gosto de correr riscos, ainda mais envolvendo dinheiro. Mas, minha vida é uma conspiração contra mim, porque as circunstâncias sempre me levam a confrontar minha natureza e personalidade. Complexo, mas eu explico. Fui uma criança tímida e mudei de escola muitas e muitas vezes antes de completar 7 anos de idade. Daí que na adolescência, tive problemas em lidar com pessoas. Chegou na vida adulta, fui trabalhar com fotografia que é uma profissão onde é preciso lidar com gente o tempo inteiro. Pra coisa ficar mais complicada, fui trabalhar no fotojornalismo onde, além de lidar com gente, você é obrigado a ser no mínimo cara-de-pau. Tive que ralar muito pra me adaptar. Outra característica minha é ser do signo de touro, ou seja, sou uma pessoa que precisa da segurança acima de tudo. Os taurinos sempre ficam muito tempo no mesmo emprego, gostam de relacionamentos estáveis e profundos, consideram a casa um lugar sagrado. Eu sou assim, mas a minha vida até agora lembra muito mais uma montanha-russa: já mudei 20 vezes de casa, morei em cinco cidades diferentes, tive seis empregos com carteira assinada (pra não contar os anos vivendo de freela) e fui casada duas vezes. É um bocado de mudanças para alguém que não gosta nem de mudar o sofá da sala de lugar. Eu também nunca fui de apostar, tem gente que adora sentir o coração batendo forte com a possibilidade de ganhar. Eu sempre penso no que fazer se eu perder. De novo, a minha vida conspira. Chegou uma hora que eu vou ter que fazer minha aposta, vou ter que escolher para onde ir, sem nenhuma garantia de que vou me dar bem. Tenho várias possibilidades, umas que corro riscos pequenos e outras onde é preciso apostar tudo. Isso para alguém que não gosta nem de jogar na megasena de natal, é um grande dilema. De novo, vou ter que encarar e aprender a jogar pôquer...

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