segunda-feira, 4 de julho de 2011

Não importa onde eu esteja

Não importa onde eu esteja, nunca estou sozinha. Tem uma pessoa que insiste em me acompanhar, está sempre do meu lado. Tem horas que ela me dá forças pra continuar, me faz olhar para trás e ver que tudo o que já vivi valeu a pena. Às vezes, ela também me faz olhar para frente, me mostra o quanto ainda tenho que caminhar. Mas, tem dias que ela não está de bom humor e é muito dura comigo, me aponta os meus defeitos e critica meus erros com tanta crueldade que me faz chorar. Nessas horas, sinto raiva de não poder mandá-la embora, de não poder ter um pouco de paz. Aí, ela me consola. Diz o que eu quero ouvir e fica tudo bem entre a gente. E eu volto a acredita nela, afinal eu mesma nunca poderei me abandonar.

domingo, 5 de junho de 2011

Dois Meses e Vinte Dias

Muita coisa pode acontecer em dois meses e vinte dias. Nem consigo acreditar que faz apenas 80 dias que peguei um avião e cheguei por aqui. Da Lapa, fui para Ipanema e agora voltei para a Glória. Prestei um concurso público e arrumei um emprego. Quando recebi meu cartão do vale-transporte escrito o meu nome, senti que estava realmente morando no Rio de Janeiro. A vida não está fácil, meu tempo de Zona Sul fazendo caminhadas na orla e na Lagoa Rodrigo de Freitas ficaram para trás. Agora, pego ônibus na Central do Brasil e demoro 1h30 para chegar ao trabalho. Mas, estou me sentindo viva, funcionando com a cidade e produzindo. Fiquei quatro anos sem emprego fixo e agora é muito bom ter uma rotina. Por mais que seja difícil trabalhar 8h por dia, ficar 3h todos os dias no ônibus, eu estava precisando muito da estabilidade. Ainda é um pouco estranho estar em uma cidade diferente, sem família, sem referência. Mas, a novidade é sempre instigante. Sempre me leva adiante.

domingo, 27 de março de 2011

Uma semana e meia


Faz uma semana e meia que estou no Rio de Janeiro. Ainda não sei dizer qual é o sentimento que vai aqui dentro, porque no fundo eu acho que é uma mistura homogênea de sensações diversas. Impossível definir. A cada dia, acrescento um detalhe novo na imagem da cidade que eu trouxe comigo. Antes, era só Copacabana e Ipanema. Agora, o meu Rio de Janeiro também tem Lapa, Méier, Maracanã, São Gonçalo, Campinho. Nem tudo é maravilhoso na cidade maravilhosa. Mas, um domingo de sol na Praia Vermelha, ao lado do Corcovado, é bem bacana. Algumas coisas já aconteceram em 10 dias, algumas concretas, outras futuras. A melhor de todas é a sensação boa de estar tentando, de estar fazendo algo para realizar um grande sonho. Quanto tempo vou ficar por aqui, só deus sabe. Aliás, só ele sabe o que vai ainda vai acontecer na minha vida. De agora em diante, é correr atrás. Suar, trabalhar, acreditar. Agora é comigo.

domingo, 13 de março de 2011

Até onde se pode chegar

Nyalesund foi o lugar mais longe onde já estive. Fica no arquipélago de Spitzbergen, acima do círculo polar ártico. Longe pra chuchu. É tão perto do pólo norte que tem seis meses de sol e seis meses de noite por ano. Nem acredito quando olho no mapa e vejo o quanto esse lugar é longe daqui. De um jeito ou de outro, eu fui muito mais além do que eu poderia imaginar. Estive em Nyalesund apenas duas vezes, quando tive que permanecer uma hora pra fora do navio a trabalho, sob um frio de 4 graus. Foram minutos mágicos, eu olhava para as montanhas cheias de gelo e tinha a consciência de que estava literalmente no fim do mundo. Às vezes, tenho a impressão de que foi um sonho que eu tive. Mesmo assim, encoberta por uma névoa onírica, a lembrança desse lugar me traz a certeza de que sempre é possível ir mais longe. Daqui dois dias vou para o Rio de Janeiro, estudar e tentar a sorte. Quando o medo de partir vem sussurrar no meu ouvido, eu tento lembrar que o Rio é bem mais perto que Nyalesund.

terça-feira, 8 de março de 2011

Ainda Não

Está difícil. A vida anda tão complicada. Tinha decidido ir embora de uma vez, fiz inscrição pra pós-graduação no Rio na sexta-feira. Hoje é terça-feira e os planos mudaram todos de novo. É melhor eu parar com as despedidas até que as malas estejam realmente prontas.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Surpresa Ruim

Do mesmo jeito que as boas, surpresas ruins também acontecem. Quando menos se espera. Infelizmente.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

É Muito Bom

É bom pensar em alguém numa tarde ensolarada e quente de verão. É bom ficar ensaiando frases para o próximo encontro, tentando achar a melhor maneira pra simplesmente dizer que sentiu saudades. É bom ficar lembrando do cheiro, do toque e do olhar. É bom pensar que a vida ficou mais alegre depois que aconteceu. É bom saber que a gente pode se sentir bem ao lado de alguém. É muito bom sentir.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cantinho

Faz um mês e dez dias que desembarquei do navio. Nem faz tanto tempo assim. Entre tantas incertezas, uma das únicas coisas que sei é que vou partir de novo daqui alguns dias. Ainda não sei pra onde, mas sei que vou. Apesar do medo de me jogar de cabeça no desconhecido, sei que é esse o meu destino e tenho certeza que muita coisa boa me espera no meu futuro. Mas, existe um lado melancólico nisso tudo. Toda partida tem o seu preço: as despedidas. Mais uma vez, vou ter que dizer adeus. No ano passado, no navio eu disse adeus incontáveis vezes, afinal na vida a bordo sempre tem alguém chegando e alguém indo embora. No começo, doía ver um amigo partindo e ter a certeza de que eu nunca mais veria essa pessoa. Com o tempo, o coração endureceu e eu comecei a me acostumar a sentir saudade das pessoas desde o momento que eu as conhecia. Quando pessoas especiais entraram na minha vida, foi assim: cada momento de felicidade tinha sempre um verniz de solidão. Esses dias que se passaram desde que voltei pra Londrina têm sido bem estranhos. Apesar de eu não estar mais a bordo, ainda estou em busca de um porto seguro, de um lugar pra ancorar o meu barquinho e começar uma história. Porque eu acho que estou bem cansada de viver dizendo adeus.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Surpresa Boa

Foi numa tarde dessas, depois da chuva.
Um olhar. Um sorriso. Um momento.
Supresas boas acontecem quando menos se espera...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Mãe, me empresta o carro?

O mais engraçado nisso tudo é que, depois dos 36 anos, eu voltei a morar na casa dos meus pais. Eu não morava mais com eles há mais de 13 anos e, obviamente, não tinha mais quarto na casa. Pra ir trabalhar no navio por 8 meses, eu tinha desocupado meu apartamento, vendido meu carro e tudo o mais. Quando desembarquei, vim morar com eles. É engraçado, porque estou me sentindo com 15 anos, pedindo o carro emprestado e avisando que horas vou voltar. O quarto onde estou morando, virou minha casa temporária. Uma micro-casa, dentro da casa. Eu sempre fui muito apegada às coisas materiais, a minha casa sempre foi um lugar sagrado que eu cuidei e decorei com muita dedicação. Meu apartamento foi alugado com a mobília e, às vezes, sinto ciúme do meu sofá que agora tem uma outra pessoa deitada em cima. Sou uma pessoa que gosta de morar sozinha, nunca dividi minha casa com ninguém, só com meus irmãos e com os maridos. Fora isso, sempre fiz questão de ter minha casa só pra mim. Por isso, está bem estranho não ter mais casa. Porque a casa dos meus pais não é minha casa, só estou morando aqui por um tempo. Umas férias, uma visita mais prolongada. Mas, não é minha casa. Não vejo a hora de definir onde vou morar, de encontrar um apartamento bem bacana. Se for em outra cidade, vai ser mais especial, porque vou ter que comprar tudo novo: cama, geladeira, fogão, sofá. Vai ser realmente um novo começo, uma nova vida. Já estou imaginando minha próxima casa e sei que vai ser completamente diferente. Eu mudei muito mesmo nos últimos anos e estou até curiosa pra saber que cores vão ser as paredes da minha nova casa. Porque, no fundo, nem eu sei.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Vai chover?

Sabe quando vc olha para o horizonte e vê que nuvens negras estão se formando? Vc lembra que deixou a janela do quarto aberta e bate aquele desespero. Porque você tem certeza que vai chover, mas não dá pra saber quando. Nem dá pra prever se vai ser uma chuvinha mansa ou uma tempestade. A única certeza é que vai chover.
Minha vida está meio assim. Apesar de tudo estar totalmente indefinido - não sei onde vou estar no mês que vem - já surgiram possibilidades e alternativas práticas reais. Não sei o que vai acontecer, nem quando, mas tenho certeza que vai acontecer alguma coisa. Esses dias estão sendo bem diferentes para mim. Porque na verdade eu não estou trabalhando, mas não estou de férias, nem estou desempregada. Não sei definir minha situação hoje, mas sei que está sendo muito bom poder realmente descansar um pouco. Estou tendo tempo para pensar muito em mim e no que é importante daqui para frente.
Durante os últimos dias, me passou várias vezes pela cabeça que talvez eu tivesse me precipitado em pedir demissão do navio. Mas, agora tenho mais que certeza de que era a hora de ir para casa, porque minha saúde piorou. Vou precisar ir ao médico, por mais que eu não goste. Detesto coisas que não funcionam. Odeio quando o chuveiro queima, quando a porta da geladeira não fecha direito, odeio torneira que pinga. Odeio quando sinto que meu corpo não está funcionando direito. Porque consertar as coisas dá muito trabalho.
Preciso cuidar de mim, me recuperar, me fortalecer. Ainda tem muito chão pela frente.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Faz Tempo?

Tirei essa foto na Polônia, para a minha coleção de fotos de cafés que tomei em cada porto que desci enquanto estive a bordo do Costa Magica. Gosto especialmente dessa foto, porque estava na areia da praia, com as ondas do mar batendo muito perto. A Polônia agora está bem distante, não só porque eu estou aqui em Londrina, no interior do Brasil, mas porque este instante já está no meu passado. Sinto saudades, sempre vou sentir.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Apostas

Quando estive no cassino pela primeira vez, em Buenos Aires, nem fiquei muito empolgada com a jogatina. No fundo, eu não gosto de correr riscos, ainda mais envolvendo dinheiro. Mas, minha vida é uma conspiração contra mim, porque as circunstâncias sempre me levam a confrontar minha natureza e personalidade. Complexo, mas eu explico. Fui uma criança tímida e mudei de escola muitas e muitas vezes antes de completar 7 anos de idade. Daí que na adolescência, tive problemas em lidar com pessoas. Chegou na vida adulta, fui trabalhar com fotografia que é uma profissão onde é preciso lidar com gente o tempo inteiro. Pra coisa ficar mais complicada, fui trabalhar no fotojornalismo onde, além de lidar com gente, você é obrigado a ser no mínimo cara-de-pau. Tive que ralar muito pra me adaptar. Outra característica minha é ser do signo de touro, ou seja, sou uma pessoa que precisa da segurança acima de tudo. Os taurinos sempre ficam muito tempo no mesmo emprego, gostam de relacionamentos estáveis e profundos, consideram a casa um lugar sagrado. Eu sou assim, mas a minha vida até agora lembra muito mais uma montanha-russa: já mudei 20 vezes de casa, morei em cinco cidades diferentes, tive seis empregos com carteira assinada (pra não contar os anos vivendo de freela) e fui casada duas vezes. É um bocado de mudanças para alguém que não gosta nem de mudar o sofá da sala de lugar. Eu também nunca fui de apostar, tem gente que adora sentir o coração batendo forte com a possibilidade de ganhar. Eu sempre penso no que fazer se eu perder. De novo, a minha vida conspira. Chegou uma hora que eu vou ter que fazer minha aposta, vou ter que escolher para onde ir, sem nenhuma garantia de que vou me dar bem. Tenho várias possibilidades, umas que corro riscos pequenos e outras onde é preciso apostar tudo. Isso para alguém que não gosta nem de jogar na megasena de natal, é um grande dilema. De novo, vou ter que encarar e aprender a jogar pôquer...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mudança de Humor


Pois é. Pedir demissão do navio foi tão rápido e fácil quanto abrir um crediário na Casas Bahia. Mas, agora que já se passaram oito dias desde que voltei para o mundo real, minha confiança deu uma estremecida. Na verdade, passa pela minha cabeça que eu poderia ter ficado mais seis meses na zona de conforto, trabalhando lá no navio, sem precisar tomar decisões. Agora que já passou o reveillón e todo mundo está voltando ao trabalho aqui no Brasil, eu não tenho mais desculpas para adiar. Preciso decidir pra onde eu vou e tomar atitudes práticas. Sinto que estou hesitando, sinto que o medo está prestes a aparecer. Por isso, preciso agir rápido, antes que o tempo ajude o medo a crescer. Assim como eu decidi voltar pra casa só ouvindo a minha intuição, vou deixar ela continuar me guiando. É difícil, mas vai ter que ser assim.