sábado, 28 de fevereiro de 2009

Além das Fronteiras

Ter vinte e poucos anos foi mágico. Os dias eram intensos e inesquecíveis. As amigas eram muito mais que pessoas próximas, eram companheiras de viagem, juntas para enfrentar a vida e comemorar as conquistas. Foram anos de mudanças e transformações, tempo em que passamos de meninas a mulheres, em que tivemos que escolher entre tornar o sonho realidade ou, então, desistir deles. Assim, aos vinte e tantos anos, cada uma escolheu o seu caminho. Aos poucos, fui vendo minhas amigas irem embora. Sozinhas ou acompanhadas, fizeram as malas e partiram rumo ao sol, ao encontro delas mesmas, acreditando sempre que o mais importante é ter convicção do que realmente queremos da vida. Casaram-se, tiveram filhos, saíram do país, separaram-se, estudaram, trabalharam, fizeram grandes viagens. Não faz tanto tempo assim, mas já não temos mais vinte e tantos anos, pois os vinte anos já ficaram para trás. Às vezes, eu sinto que também fiquei para trás. Junto com aqueles anos que não voltam mais. Eu também sonhei, trabalhei, estudei, casei e separei. Mas, não fiz as malas e não fui embora. Eu ainda não tive convicção do que realmente quero da vida. Nos últimos meses, sinto que estou prestes a descobrir. Precisei ficar sozinha para entender que tem horas que precisamos tomar decisões ao invés de deixar a vida passar à deriva, ao sabor dos ventos e das marés. Demorei um pouco mais que as minhas amigas para perceber isso, precisei passar por mais coisas e chegar aos trinta anos. Mas, nunca é tarde demais.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Life goes on

Sim, chorei por alguns minutos. Coloquei "Blower's Daughter" do Damien Rice para tocar e chorei como fazia tempos que não chorava. As lágrimas brotaram e escorreram pelo meu rosto até o momento em que secaram. A pele ardeu, lágrimas secas no rosto sempre ardem. Daí, não consegui mais chorar. Tive vontade de passar a madrugada inteira chorando, queria ir para cama chorando como já fiz tantas vezes na minha vida, queria até quebrar algum objeto, jogar coisas na parede pra aliviar a tensão, mandar uma mensagem com palavrões pelo celular, qualquer coisa assim. Mas, parei de chorar e senti que não tinha mesmo tantos motivos para continuar chorando. Tomei um banho e pensei: "chega disso, vou dormir porque estou cansada." E foi isso. Na manhã seguinte, acordei e fiquei lembrando de como a noite passada tinha sido bacana, quantos amigos tinha encontrado e o quanto tinha me divertido no desfile de carnaval. Só depois de um tempo é que fui lembrar que tinha chorado. E tudo pareceu meio bobo, meio sem sentido. Levantei para tomar um café bem forte e cheiroso. Olhei pela janela e o sol estava forte e radiante. A claridade da manhã me deu a certeza de que a vida sempre continua. A vida sempre segue em frente. E eu também.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Inevitável

Desde o dia em que fechei a porta da nossa casa e parti, eu sabia que o dia de ver você com outra mulher chegaria. Esse dia foi hoje, domingo de carnaval. Não faz 30 minutos que vi pela primeira vez você acariciando os cabelos de outra mulher e sorrindo como sorria para mim. Nossa história já acabou há quase um ano, mas foi somente hoje, no exato momento em que vi você com outra pessoa, que você oficialmente não faz mais parte da minha vida. Pode ser que você já seja de outra mulher há muito tempo, mas foi somente hoje que isso se tornou realidade para mim. Porque eu vi. E o que os olhos vêem, o coração sente. Eu sabia exatamente que sentiria isso que estou sentindo, uma sensação de fracasso diante de uma amor que poderia ter dado certo. Mas, não deu. Agora sei que você abraça um outro corpo e outra pessoa diz que te ama quando acorda ao seu lado na sua cama. A tristeza invade a minha alma, mas sei que vai passar. Apesar de estar triste, não me arrependo de nada e sei que não existia mais chance para nós. Sei que o meu destino era esse, era estar sem você, talvez para eu ter que ser forte o suficiente para superar a sua falta. E sei que sou forte, sei que vou te esquecer. Sei que agora vou te esquecer para sempre e vou seguir em frente, tentando sempre ser melhor que ontem. É esse o meu destino. Eu sempre encaro os desafios que a vida me impõe. Com coragem e determinação. Com força e vontade de ser feliz. Não é agora que vou abaixar a cabeça. Não é agora que vou sentir pena de mim mesma. Eu encontro força na adversidade. Se a vida me dá uma rasteira, pode ter certeza que eu levanto com muito mais vontade de continuar de pé. Não vou cair. E melhor: vou continuar caminhando, seguindo em frente. Sempre adiante. Adeus, foi bom ter te conhecido e foi ótimo ter te abandonado. Até nunca mais. Você já faz parte do meu passado, espero poder um dia nunca mais pensar em você. Não te desejo nada, nem felicidade, nem sofrimento. Só quero poder esquecer.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Às vezes, Cansa...

Manter a pose às vezes cansa. Tem horas que dá vontade de arrancar o sapato, comer com a mão sem guardanapo, sentar concundinha na cadeira e apoiar o pé na mesa de centro. Desde que optei novamente pela vida de solteira, estou mantendo a pose: cabeça erguida, peito estufado, olhar mirando o horizonte e um sorriso confiante no futuro. Nem é fingimento, a pose é o reflexo do que vai aqui dentro. Não é só postura, mas é um sentimento verdadeiro de que a vida está melhor e que finalmente encontrei um pouco de paz. Mesmo assim, às vezes cansa. Sei que na obstinação de sobreviver às grandes mudanças por que passei nos últimos dois anos - uma demissão e uma separação - montei uma estratégia para me proteger do sofrimento. O plano foi resistir e continuar em frente. Sem auto-piedade, sem arrependimento e sem medo. Deu certo, porque se existe uma coisa que é meu defeito e minha maior qualidade, isto se chama persistência. No entanto, para não se afogar, a gente gasta um bocado de energia para continuar na superfície e não afundar. Tem dias que sinto que estou precisando de uma bóia. Não pra vida toda, mas só pra dar uma descansadinha e evitar cãimbras. Ontem, pela primeira vez senti saudade de uma coisa: andar de mão-dada com alguém. Dormir abraçadinho e acordar abraçadinho do mesmo jeito. Receber uma msn romântica no celular. Colocar dois pratos na mesa na hora do jantar. Abstraí tanto que já tinha me esquecido do quanto isso é bom, do quanto isso aquece o coração e preenche a alma. Não queria sentir falta disso, porque não é uma coisa que posso ir no supermercado e comprar uma dúzia. Pode ser que isso nem aconteça mais na minha vida. Mas, não adianta fingir que não está faltando nada. Sinto, logo existo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Esperando a Sexta-Feira

Parei de fumar todos os dias, mas me reservei o direito de fumar de vez em quando. Tem dias que é foda, dá uma vontade de ir no boteco da esquina e comprar um cigarro solto em vez de um maço. Mas, sei que é só querer se enganar. Então, fico só esperando o final de semana chegar. Não pra beber, dançar ou me divertir... Só pra poder fumar um cigarro!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Do it yourself

Ultimamente tenho me surpreendido comigo mesma no quesito "se-virar-sozinha". Apesar da pose de mulher independente e senhora do destino, sempre tive um lado que na hora do aperto sempre gritava por socorro e ficava esperando ser resgatado. Mas, agora tudo mudou. Esses dias o pneu do carro furou e eu demorei um dia inteiro para perceber. Quando vi, já era de noite e mesmo assim consegui ir até o posto de gasolina, encher o pneu e achar uma borracharia 24h pra fazer o conserto. Coisa simples, mas para mim foi uma vitória não ter ligado pro meu pai, pra minha irmã ou meu cunhado. Outra coisa que foi melhor ainda é que antes do natal, uma doida veio com tudo e bateu na traseira do meu carro. Já faz mais de 15 anos que tenho carteira de motorista e, mesmo não dirigindo tão bem assim, nunca tinha me envolvido num acidente de trânsito. Dessa vez, dada a gravidade da situação, eu tentei ligar para o meu pai, minha irmã e meu cunhado, mas nenhum dos celulares atendeu. Eu fiquei bem nervosa, não sabia o que fazer: chamar o trânsito? tirar o carro da rua? chamar o seguro? negociar com a doida? Consegui falar com minha irmã, mas ela não podia sair do escritório. Então, com assessoria dela por telefone, tive que resolver tudo sozinha. Não é que deu tudo certo? Fui fazer orçamento em duas oficinas, peguei o cheque da doida, deixei o carro em uma terceira oficina de minha confiança. Apesar do carro amassado, voltei pra casa feliz! Hoje, para ampliar as experiências de independência para além do setor automobilístico, também fiz progressos no setor de informática. O gravador de DVD do computador pifou de vez e eu estava com uma dor no coração de ter que gastar dinheiro com a manutenção. Além disso, odeio desperdício e em casa tem um monte de sucata de computador, inclusive três drives de DVD jogados numa caixa. Resolvi tentar resolver tudo sozinha de novo e de chave de fenda em punho me aventurei a trocar os drives. Foi muito bom ver o negócio funcionando e não ter gasto nenhum real, nem ter que esperar uma semana até o serviço ficar pronto. Até agora o computador não pegou fogo, nem explodiu. Então, estou bem feliz de estar, finalmente, resolvendo por mim mesma os meus problemas.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Vida Saudável

Estou me sentindo ótima na minha nova vida saudável. Uma semana sem fumar e vai tudo bem sob o céu de fevereiro. É ótimo voltar a ter vontade de comer. Fumar por dez meses levou embora pelo menos três quilos do meu peso ideal. Me sinto bem melhor. Sei que vou fumar de vez em quando e vou continuar a esquecer como voltei pra casa nos finais de semana, porque vida saudável para mim não é deixar de fazer o que dá prazer, mas fazer de tudo um pouco sem exagerar na dose. É o que chamam de equilíbrio. Parece fácil, mas não é. Tente ficar na ponta do pé esquerdo e tire o pé direito do chão. Logo, você perde o equilíbrio. Por outro lado, se você encontra o ponto de equilíbrio, pode cair o mundo que nada vai fazer você cair. Pois é. Estou a fim de achar esse ponto, um lugar para estar sem medo de cair. Um lugar seguro onde dê pra respirar, relaxar e apreciar a paisagem. Quero estar entre a alegria e a tristeza, entre a paz e a inquietute, entre a euforia e o desânimo. Pra poder sentir um pouco de tudo isso, afinal viver é uma mistura de tudo, um dia um pouco mais de sal e no outro um pouco mais de açúcar. Cada um pode temperar a vida como bem entender.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A Sincronicidade do Universo

Ter contato com a física quântica atráves de livro de auto-ajuda não é a maneira mais correta de entender o universo. Porém, foi assim que descobri novas formas de pensar nos últimos anos. Uma delas foi o princípio da sincronicidade, um nome diferente que deram para as coincidências. Ainda não entendi muito bem as explicações científicas, mas achei muito interessante a idéia de que cada um está conectado a todos os outros no mundo e que as coincidências são indícios de que minha vida está se sobrepondo a vida de outra pessoa. As coincidências da minha vida eu sempre chamei de sinais. Quando preciso tomar uma decisão, sempre espero um sinal: um acontecimento que me indica o melhor caminho a seguir. Crendice ou não, isso me ajuda muito, é um jeito de transferir a responsabilidade da decisão para os mistérios do universo. Coincidências com datas são campeãs: terminei um relacionamento e só comecei outro no exato dia que completaria um ano que estava sozinha. Outra vez, foi engraçado: logo depois de outra separação, fiquei um pouco traumatizada e estava evitando começar um outro relacionamento, pois achava que a pessoa se parecia muito com o ex. Pra acabar com as dúvidas, um dia essa pessoa aparece com uma camisa igual a do ex! Não era uma camisa lisa comum, mas estampada em tom pastel com flores e bolsos recortados. Estou sentindo que estou numa fase de transição: trinta e cinco anos, sem emprego fixo, sem namorado, sem filhos, sem grandes conflitos. Estou realmente à espera de um grande sinal, um grande acontecimento que indique a direção que minha vida vai tomar daqui pra frente. O que vai ser?

Necessidades Básicas

Engraçado como as coisas acontecem comigo. Tem gente que tem que fazer milhões de coisas para conseguir parar de fumar: começar a mascar chicletes, tomar água quando dá vontade de fumar, tratamento com piteira fedida, terapia de grupo e até simpatia pro santo. Pra eu parar de fumar, bastou eu querer. Quando eu realmente me convenci que queria parar, eu parei. Na verdade, o objetivo não é parar de fumar, mas fumar só eventualmente, pelo prazer de fumar e não pelo vício. Assim como tomar cerveja ou comer picanha. Todo dia faz mal, mas de vez em quando é muito bom.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Basta Querer


Tá vendo. Basta a gente querer pra conseguir fazer as coisas. Saí pra balada e não bebi. Voltei pra casa cedo e o dia seguinte não foi perdido. Muito mais divertido do que beber um monte e não lembrar de nada depois. O que adianta? Porém, não ter ressaca não foi a melhor coisa que aconteceu essa semana, mas sim estar há dois dias sem fumar. Não ter gosto na boca, não ter cheiro na casa, não ter falta de apetite, não ter que sair de manhã pra comprar cigarro na padaria porque o maço acabou na balada, é tudo muito bom. Mas, ótimo mesmo é ter tido força de vontade, é ter escolhido o melhor pra mim mesma. Não sei por quanto tempo vou ficar sem fumar, mas já estou me sentindo uma pessoa melhor. Como se não bastasse, comecei um curso intensivo de dança. Antes de entrar efetivamente na pista de dança, enfrentei um dilema entre tentar ou inventar uma boa desculpa para desistir. Ainda bem que acabei indo, porque a sensação de enfrentar o medo e fazer uma coisa completamente nova, compensou todas as pisadas no pé do parceiro. Quando o tempo fecha e a chuva vem, dá pra abrir o guarda-chuva e enfretar o vento. Mas, se estiver com preguiça, pode esperar que um dia sempre pára de chover. Tem dias que o mundo parece sombrio, mas o tempo sempre abre e o sol reaparece. Pode ter certeza disso.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Toda Vez a Mesma Coisa

Tudo sempre se repete. É sempre a mesma coisa: acordar tarde, não lembrar como cheguei em casa, um nó no estômago e a cabeça parecendo que está cheia de água. Daí, antes de levantar da cama, fico tentando lembrar se fiz alguma coisa errada no intervalo entre o bar e a casa, porém a lembrança nunca vem. Eu me contento em verificar se o carro está na garagem e a carteira na bolsa. Se estão, tudo bem. O dia seguinte é sempre perdido, meu estômago reage mal ao álcool, independente da quantidade (por isso, não vale a pena tomar só três copinhos, a ressaca vai ser a mesma). Então, o dia seguinte perdido é dedicado a pensar em como gostaria de quebrar essa rotina, como gostaria de conseguir mudar um pouco a vida e fazer dos momentos de lazer algo um pouco mais prazeroso. O comodismo é tão grande que não consigo parar de fumar, parar de beber, fazer exercícios, ter algum hobby. A única diversão tem sido a balada que com o passar dos anos e o avanço da idade, nem é mais tão divertida assim. A vida anda um pouco vazia. Estou precisando de metas novas, objetivos a alcançar, coisas para querer. Só que ainda não sei onde procurar. É difícil achar alguma coisa que a gente não sabe o que é...