domingo, 19 de setembro de 2010

Guitarra e Prancha de Surf

Minha sobrinha vai fazer três anos e pediu uma guitarra de presente de aniversário para a mãe dela. Não é que o mundo mudou? Quando eu era criança, as meninas ganhavam bonecas. Fiquei filosofando que isso pode não ser só uma preferência por um brinquedo diferente, mas pode ser um indício de que os pais estejam finalmente parando de se projetar nos filhos. Dar bonecas de presente era uma forma de treinar a menina para o inexorável dia em que ela se tornasse mãe (claro, se fosse uma boneca-bebê, no caso de ser uma barbie já era um treino para ser bonita, sensual e consumista). Agora, quando a minha sobrinha pede uma guitarra, ela não está querendo simular a vida adulta, mas está pensando no prazer imediato de tirar um som e se divertir. Será que finalmente as próximas gerações vão conseguir viver o presente? Tomara que sim. Falando nisso, o meu presente também vai ser bom: vou dar uma boneca surfista com um bugue cor-de-rosa que vem com uma pranchinha de surf. Tudo bem que estou dando uma boneca e projetando o futuro, mas pelo menos ela vai se divertir e viver intensamente.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Comer e dormir, é só começar. Faz um mês que desembarquei e a vida já voltou ao normal faz tempo. Se fosse um emprego normal, agora eu estaria voltando ao trabalho, já começando a contar os dias para as próximas férias. Mas, ainda tenho mais três meses de férias. Quando estava a bordo, o mundo aqui fora parecia surreal, as lembranças vinham na cabeça com as pinceladas de sonho. Agora sinto a mesma coisa em relação aos oito meses em que estive fora. Já comecei a esquecer nomes, pessoas, lugares. Contando algum episódio para algum amigo, me pego pensando que a descrição parece meio exagerada e fico na dúvida se eu realmente vivi aquilo daquele jeito. Dá a impressão de que nem aconteceu de verdade. Ou pelo menos, que não aconteceu comigo. De qualquer maneira, oito meses fora me fizeram dar mais valor à minha casinha, à minha caminha, à minha própria comidinha. Acima de tudo, fizeram eu ter muito prazer mesmo em passar a tarde inteira assistindo filmes e lendo revistas. O que antes era puro tédio, virou diversão. Ir ao mercado já era meu passatempo preferido, agora ficou melhor ainda. Tomar banho de meia hora, apesar de politicamente incorreto, é uma das melhores coisas do dia. De longe, são as melhores férias de todos os tempos. Sem nem precisar sair de casa.

sábado, 4 de setembro de 2010

Pausa para o Café

Na verdade, foi um verdadeiro drama a expectativa para voltar para casa. Horas e horas de conversa com os amigos tentando imaginar tudo o que eu iria sentir e o que iria fazer quando chegasse ao Brasil. No fim, foi tudo bem normal e já faz 20 dias que estou de férias. Achei que iria ficar emocionada quando o avião pousasse, que iria estranhar os carros querendo passar em cima da gente, que iria achar diferente as pessoas falando em português. Mas, não rolou nada disso. Cheguei no aeroporto tão cansada que só queria que a minha mala aparecesse logo na esteira. Nos primeiros dias, não senti nem mal-estar por causa da diferença de cinco horas de fuso horário. Ainda não sei se isso é bom ou ruim, mas estou só me sentindo de férias. Embarco de novo daqui uns meses e esses dias tão estranhos parecem mais uma pausa para o café no meio do expediente.