segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Vai demorar

Conseguir a vaga para trabalhar no navio não é difícil, mas é demorado. Eu bem que achei que era só ir até São Paulo, fazer uma entrevista e subir a bordo. Agora que pesquisei melhor sobre o assunto, percebi que pode demorar muitos meses até a coisa virar. Nas últimas semanas, eu não estava conseguindo lidar muito bem com a situação. Minha cabeça ficava só pensado em duas frases: "se eu embarcar..." e "quando eu embarcar". Porém, não vai dar pra viver na condicional e no subjuntivo por três ou quatro meses. Vou ter que voltar pra realidade e continuar no presente, com o pé no chão, vivendo um dia de cada vez. O que vier, é lucro - frasezinha sem-vergonha, mas de grande utilidade.

sábado, 29 de agosto de 2009

Pode ser que demore

Sou uma pessoa teimosa. Ou seja, demoro muito para admitir outra verdade que não seja aquela que enfiei na cabeça. Por isso, demorei para perceber que assumi novamente a postura de vítima. Eu já tinha aprendido a viver no presente, sem deixar o passado e o futuro virem me assombrar. Mas, enfrentei um mês de agosto totalmente parado, sem coisas ruins nem boas acontecendo. Essa falta de estímulo realmente acaba comigo. Consigo me sair melhor quando as coisas vão mal do que quando nada acontece. É a síndrome do paranóico: para alguém com mania de perseguição, não ter alguma coisa pra ter medo é um tormento sem fim! Quando as coisas estão paradas, eu começo a ter saudade do passado e fico lembrando de coisas que podiam ter acontecido, coisas que aconteceram e foram boas, coisas que aconteceram e foram ruins, o que fiz e o que poderia ter feito. Quando nada está acontecendo, fico pensando no futuro e fico planejando como deveria ser minha vida daqui dez anos, vivendo todos os medos e alegrias dos dias que ainda estão por vir. Complicado. Nessas horas, eu esqueço completamente do presente. Fico me sentindo uma bolha de sabão, sem nada dentro, flutuando no ar sem saber quando vai explodir. Ser bolha de sabão nessa hora, não é muito bacana. Mas, um dia explode. E volta tudo ao normal.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Salada

Minha vida está igual um prato de salada. Mas, não é porque está tudo misturado e sem uma ordem. Minha vida está uma salada: saudável, mas sem o prazer das calorias!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Carreira Solo


Não é à toa que todo mundo tem medo da solidão. Não é fácil ser sozinho. O mundo é feito pra se viver em bando. No mínimo, em pares. No restaurante, tem mesa pra dois - mas, não tem mesa pra um. Pacote da CVC é pra dois: se vc viajar sozinho vai pagar o mesmo preço que um casal, afinal ninguém manda vc ser excêntrico. Convite pra evento social tem sempre aquele lembrete "com direito a acompanhante", pra vc não se esquecer que não é muito bom ir sozinho. Ser sozinho é estranho. Não é bom, nem é ruim. Só é estranho. É uma sensação meio surreal não ter a vida entrelaçada com a vida de outra pessoa, não depender de absolutamente ninguém para tomar decisões. O mais estranho é que ser sozinho é muito parecido com ser livre. Uma pessoa sozinha não precisa consultar ninguém para tomar atitudes a respeito da própria vida, a não ser os seus próprios sentimentos e desejos. É por isso que todo mundo tem medo da solidão. Porque é vc com vc mesmo, a responsabilidade é toda sua. Não tem ninguém em quem colocar a culpa. Nem dá pra tomar decisões pensando em fazer o melhor para outra pessoa. Por isso, ser sozinho é assustador: é quando vc não tem outra saída a não ser olhar para si mesmo. Geralmente, as pessoas não gostam de fazer isso. Quem faz a opção de ser sozinho, tem que ter muita coragem.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Um dia, eu quis ver o mar

Tirei essa foto no Porto de Itajaí, nas férias em Camboriú. Nunca tinha visto um navio de perto e fiquei impressionada com o tamanho do barcão. Como todo os outros turistas em terra, fiquei imaginando o quanto deve ser louco viajar em um cruzeiro marítimo. Eu nem imaginava que um dia iria estar pleiteando uma vaga para embarcar e permanecer na tripulação por pelo menos seis meses. Naquela época, eu tinha um emprego, um marido e estava tentando engravidar. É estranho pensar no quanto a vida mudou desde então. Não tenho mais emprego, nem marido e já desisti definitivamente de ser mãe. Embarcar num navio sem destino certo, por mares nunca dantes navegados por mim é mais que uma possibilidade. É um desejo. Uma vontade de partir, de explorar a imensidão do oceano, parando de vez em quando em um porto longínquo. No começo do ano, prestei concurso pra trabalhar em Salvador e não passei. Dessa vez, pode ser que eu não consiga embarcar novamente. Mas, uma coisa é certa. A vontade de ir embora, de alargar meu horizonte, cresce a cada dia. Se não for dessa vez, com certeza ainda vai chegar a hora. Um dia, eu vou olhar para trás e acenar um adeus. Quem sabe, no mês que vem.