domingo, 21 de setembro de 2008

Coragem de ter medo

Sabe aquelas banquinhas de feira que vendem artigos orientais? Nesta havia também a possibilidade de escrever o nome em japonês em um chaveiro de bambu. Eu estava procurando um talismã para colocar na porta do meu apartamento. Apesar de há muito tempo ter perdido a fé, desacreditado em deus e viver com a dúvida de ser ou não ser agnóstica, acredito em amuletos, horóscopo, runas e meditação. Definitivamente, o ateísmo não me define. Pensei numa palavra para me definir e escolhi uma: CORAGEM. Desde então, toda vez que saio de casa e me viro para trancar a porta, vejo o pedacinho de bambu balançando na porta e me lembro porque estou saindo de casa. Coragem é o meu propósito. Estou neste mundo para ter coragem em todos os dias da minha vida. Antigamente, não achava possível ser uma pessoa corajosa, porque o medo sempre fez parte de tudo, o medo me acompanhou nos momentos decisivos, nos momentos tristes e até nos momentos de felicidade. Estar alegre me fazia sentir medo de ficar triste. Só com o tempo que fui perceber que o medo não é o oposto da coragem. É preciso ter medo para ter coragem. Se eu não tenho medo de tempestade, não preciso de coragem para sair contra o vento e a chuva. É só sair, como se saísse para um dia ensolarado. Mas, se a luz dos raios e o barulho dos trovões me aterrorizam, é preciso ter muita coragem para abrir os olhos e ver as nuvens negras se movimentando no horizonte. Por isso, não tenho mais medo de ter medo. Porque sei que tenho coragem para enfrentá-lo.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Liberdade ainda que tardia

Na verdade, nunca desejei ser livre. Sempre me apeguei a algo, a alguém ou a algum momento. Sempre quis possuir e controlar. "Ser" dependia sempre de outra coisa. De repente, sem que eu pudesse fazer nada, até mesmo a contragosto, ganhei a liberdade. Agora estou me acostumando a decidir o que fazer com ela todos os dias. Ser livre é estranho. Não há em que colocar a culpa ou a esperança, porque sou livre para decidir estar triste, alegre ou insensível. Decidir querer ou não querer só depende de mim. É muito bom ser livre, é muito bom ter a responsabilidade e o mérito de viver.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Saudade do que não tive


Tenho saudades dos minutos daquele dia em que minha boca encontrou a sua. Ficou uma marca no lugar onde você tocou, um cheiro no ar das lembranças daquele olhar. Tão pouco, tão rápido, tão fugaz. Tenho saudade do que não cheguei a ter.

sábado, 13 de setembro de 2008

De onde vem o desejo?

Será que o desejo começa no coração? De onde vem a vontade de estar perto, a vontade de tocar e descobrir alguém? Será que vem da pele, da energia que é transmitida de um olhar para outro?
Porque sentimos isso por determinada pessoa, num determinado momento? O desejo vem independente da razão, uma força poderosa que move as pessoas quer elas queiram ou não. É o desejo que nos mantém vivos. O desejo faz o coração bater mais forte, a respiração fica mais rápida, todo o nosso corpo reage, pulsa, grita. É tão forte que muitas vezes temos medo de desejar, de sentir, de querer. Medo de não conseguir satisfazer o desejo e permanecer sempre com o coração batendo forte, a respiração rápida e o corpo em ebulição. Ninguém suporta desejar por muito tempo. Desejar por muito tempo começa a doer. Então, o desejo vira raiva e frustração.