quarta-feira, 24 de junho de 2009

Saco Cheio

Estou cansada de acordar todos os dias feliz por ter uma boa casa, a geladeira cheia, um carro na garagem e nenhuma doença degenerativa. Estou cansada de pensar antes de agir, de levar em conta os sentimentos dos outros, de agradecer o que tenho, de organizar meu computador, de investir em marketing pessoal, de tomar chá verde, de não tomar coca-cola, de comer menos junky-food, de ir dormir cedo pra acordar cedo, de ler a parte de economia do jornal, de separar o lixo reciclável, de resistir a comprar um maço de cigarros, de dar bom-dia e boa-tarde pra todo mundo, de tomar banho morno em vez de quente pra não ressecar a pele, de passar filtro-solar pra ir na padaria. Às vezes, sinto que me esforço tanto para encontrar o ponto de equilíbrio, que ao chegar até ele me sinto meio estressada. Porque não foi fácil parar de dizer "foda-se" a cada dez frases, de jogar copos na parede do bar em noites de fúria, de xingar no trânsito, de fumar até passar mal, de ter prisão de ventre por ter ficado um mês só comendo hambúrguer, de mandar o chefe tomar no cu, de chorar três dias e três noites por ter levado um fora, de pensar em se matar mesmo sabendo que nunca iria ter coragem, de ir de carona e sem dinheiro pra praia, de faltar na faculdade por estar com uma ressaca-monstro, de ficar mais de uma hora embaixo do chuveiro antes de ouvir falar em aquecimento global, de ficar mais de dois meses sem ligar pra mãe, de dirigir embriagada sem culpa, de roubar placa de trânsito pra colocar na parede do quarto. Parei de fazer tudo isso e não sinto saudade. A inconsequencia juvenil pode até ser poética, mas é tonta na mesma proporção. Enfim, consegui chegar ao ponto de equilíbrio. É ótimo. Me sinto como se estivesse numa propaganda de margarina...

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