sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Às vezes, Cansa...

Manter a pose às vezes cansa. Tem horas que dá vontade de arrancar o sapato, comer com a mão sem guardanapo, sentar concundinha na cadeira e apoiar o pé na mesa de centro. Desde que optei novamente pela vida de solteira, estou mantendo a pose: cabeça erguida, peito estufado, olhar mirando o horizonte e um sorriso confiante no futuro. Nem é fingimento, a pose é o reflexo do que vai aqui dentro. Não é só postura, mas é um sentimento verdadeiro de que a vida está melhor e que finalmente encontrei um pouco de paz. Mesmo assim, às vezes cansa. Sei que na obstinação de sobreviver às grandes mudanças por que passei nos últimos dois anos - uma demissão e uma separação - montei uma estratégia para me proteger do sofrimento. O plano foi resistir e continuar em frente. Sem auto-piedade, sem arrependimento e sem medo. Deu certo, porque se existe uma coisa que é meu defeito e minha maior qualidade, isto se chama persistência. No entanto, para não se afogar, a gente gasta um bocado de energia para continuar na superfície e não afundar. Tem dias que sinto que estou precisando de uma bóia. Não pra vida toda, mas só pra dar uma descansadinha e evitar cãimbras. Ontem, pela primeira vez senti saudade de uma coisa: andar de mão-dada com alguém. Dormir abraçadinho e acordar abraçadinho do mesmo jeito. Receber uma msn romântica no celular. Colocar dois pratos na mesa na hora do jantar. Abstraí tanto que já tinha me esquecido do quanto isso é bom, do quanto isso aquece o coração e preenche a alma. Não queria sentir falta disso, porque não é uma coisa que posso ir no supermercado e comprar uma dúzia. Pode ser que isso nem aconteça mais na minha vida. Mas, não adianta fingir que não está faltando nada. Sinto, logo existo.

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