quinta-feira, 19 de junho de 2008

O resto da vida

Antes eu sabia o que eu ia fazer para o resto da vida. Sabia que iria trabalhar para comprar uma casa. Sabia que iria ter um filho e que me dedicaria a ser uma boa mãe. Sabia que iria envelhecer ao lado de uma mesma pessoa. Sabia que quando eu ficasse velhinha e me aposentasse, iria ser criadora de gatos de raça para venda. Sabia que até lá iria cultivar cebolinha e salsinha em vasos, que iria acordar e ir dormir na mesma cidade. Sabia que iria visitar a família todos os finais de semana, fazer um churrasco nos aniversário e passar os natais como todos os anos. Eu só não sabia que essa certeza era só um sentimento, não era um fato. Na verdade, todas as minhas certezas se dissiparam no ar, com a rapidez de uma chuva de verão que vem não se sabe de onde e acaba quando você olha para o céu. É estranho não saber o que estarei fazendo daqui dez anos. Mais estranho é imaginar que daqui dez anos vou ter 45 anos. De todas as surpresas da vida, não ter idéia do que vou estar fazendo no mês que vem é a que eu menos imaginava que iria ter. Aliás, o mais estranho mesmo não é saber o que vou estar fazendo, mas imaginar quem eu vou ser amanhã.

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