domingo, 16 de novembro de 2008

Cada um tem suas capacidades. Uns tem facilidade com trabalhos manuais, outros gostam de números, alguns têm o pensamento rápido. Eu tenho a incrível facilidade de esquecer. Sou uma pessoa extremamente apaixonada, quando me apego a algo ou alguém posso mover montanhas. Mas, quando as coisas que gosto me fazem sofrer de algum modo, consigo esquecê-las de um jeito que parece que elas nunca existiram. Pessoas que já foram a razão da minha existência, hoje não passam de uma fotografia esquecida dentro da gaveta. É uma forma de abstração, uma defesa para não sofrer. Funciona de maneira bem eficaz. Além de esquecer, esqueço rápido. E para sempre. É como apagar um arquivo, pintar uma parede de outra cor, queimar um papel. Mas, como tudo na vida, como todo remédio, tem efeitos colaterais indesejáveis. Meu passado não tem lembranças. Não me lembro de absolutamente nada da minha infância. Não lembro da minha primeira bicicleta, não lembro como era minha cama quando eu era criança, não lembro de professores. Nada antes dos 7 anos de idade. Tudo do meu passado remoto é apenas uma névoa branca com alguns vultos. Do meu passado recente, alguns flashes intensos. Agora que estou no meio na minha vida, estou tentando mudar. Enfrentar a dor de forma diferente. Para poder chegar aos 80 anos e ter lembranças de tudo que vivi. Das coisas boas e também das ruins.

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