Por que discutimos mais com pessoas da família do que com amigos? Por que choramos mais quando nosso pai ou nossa mãe nos magooam? Por que dói mais a indiferença deles do que qualquer outra coisa no mundo? É porque, bem ou mal, foram eles que nos ensinaram a andar, a falar, a brincar, a sentir e a pensar. Se eles nos dizem que somos maus, isso tira um pedaço do nosso coração, porque aprendemos que devemos acreditar no que nossos pais dizem. De tanto escutar que eu era má e que não merecia que alguém me amasse, eu saí de casa há mais de dez anos fechando a porta atrás de mim e jurando que nunca mais voltaria. Ficar sozinha trouxe longos períodos de sofrimento e incertezas, mas me deu a oportunidade de rever muitos dos meus valores. Pouco a pouco, eu acabei voltando. Hoje, depois de muitos anos, tive novamente motivos para chorar e para ficar magoada. Percebi que existem pessoas que não mudam, não aprendem com os próprios erros. Ao contrário, continuam magoando as pessoas com a sua intransigência e egoísmo. Eu gostaria que as outras pessoas tivessem mudado, assim como eu mudei, que tivessem procurado curar as feridas, por si mesmo e pelos outros. Mas, não foi assim. Pouca coisa mudou. O medo de admitir as fraquezas e, principalmente, a falta de amor e consideração, impede até mesmo que se enxergue alguém ao lado. Por isso, assim como há dez anos atrás, eu decidi que vou embora novamente. Vou continuar a viver a minha vida, sem esperar nada de ninguém. Já vivi muito tempo sozinha, não vai ser tão difícil. Não quero provar nada pra ninguém. Vingança e sofrimento alheio nunca me fizeram sentir melhor. Só não quero criar expectativas de um apoio e um amor que nunca virão. Tenho certeza que do outro lado, também esperam isso de mim: que eu não peça, que eu não exija, que eu não sinta falta do carinho e da atenção que eles não podem me dar. Pelo menos, não do jeito que eu gostaria de receber. Pra não criar mais conflito, não vou desaparecer, vou apenas manter a distância. Porque eles precisam ter a ilusão de que estamos todos juntos e felizes. Eu já cansei de ser a culpada nessa história. Então, estou saindo da história.
Um comentário:
ai, ka, que dilema esse dos filhos! será que se tivermos filhos um dia seremos melhores do que nossos pais ou seremos o que todos os pais são? tô com medo...ei, qdo vc viaja? quer carona pra rodoviária? bjo
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